CARTA ABERTA EM DEFESA DA DEMOCRACIA
Assim também vós: por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt, 23-28) |
Em Carta, Pastorais do Campo e Organismos ligados à Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) manifestam preocupação com a grave crise e
ameaça à democracia brasileira. “Não podemos permitir que as conquistas
democráticas e que os direitos civis, políticos e sociais sejam mais uma
vez afrontados pela forca da intolerância, do conservadorismo e da
violência, física e/ou institucional”. Confira o documento na íntegra:
Neste momento em que vivenciamos a
ameaça de golpe sobre a democracia brasileira, não podemos permitir que
as conquistas democráticas e que os direitos civis, políticos e sociais
sejam mais uma vez afrontados pela forca da intolerância, do
conservadorismo e da violência, física e/ou institucional
O golpe militar de 1964 imprimiu na
sociedade brasileira um quadro de pavor e sofrimento àqueles que lutavam
por direitos e liberdades e a todo povo brasileiro. Prisões
arbitrárias, tortura e morte de lideranças populares, estudantes,
sindicalistas, intelectuais, artistas e religiosos davam a tônica do
estado de exceção que então se instalava.
Na nossa ainda jovem democracia, estamos
presenciando o mesmo discurso de combate à corrupção propagado pelos
meios de comunicação às vésperas do golpe de 1964. Mais uma vez a
sociedade brasileira corre o risco de vivenciar o mesmo cenário de
horror e pânico. As últimas ações de setores conservadores, incluindo os
meios de comunicação, repercutem nas ruas e geram um clima de
instabilidade, violência e medo.
Diante do risco de aprofundamento dessa
situação e da quebra da ordem constitucional e social, a Cáritas
Brasileira, a Comissão Pastoral da Terra – CPT, O Conselho Indigenista
Missionário – CIMI, o Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP e o Serviço
Pastoral dos Migrantes – SPM vêm a público manifestar preocupação com a
grave crise. Queremos que todos os fatos sejam apurados e que seja
garantida a equidade de tratamento a todos os denunciados nas
investigações em curso no país, respeitando-se o ordenamento jurídico
brasileiro.
Tememos que os direitos constitucionais
dos jovens, das mulheres, dos sem-teto, das comunidades tradicionais,
dos povos indígenas, dos quilombolas e dos camponeses, especialmente aos
seus territórios, sejam ainda mais violentamente negados.
Reafirmamos nosso compromisso com o
combate à corrupção, resguardando que esse processo não represente
retrocessos nas conquistas e na garantia dos direitos historicamente
conquistados pelo povo brasileiro.
Brasília, 17 de março de 2016
Cáritas Brasileira
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP
Serviço Pastoral dos Migrantes – SPM
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