O Papa e a Rio+20

Roberto Malvezzi (Gogó)

Bento XVI, assim como outros papas, tem o costume de solidarizar-se com as vítimas das grandes catástrofes. Sempre há uma palavra de solidariedade, muitas vezes uma carta, como forma de comungar a tragédia vivida em qualquer canto do planeta. Uma de suas últimas manifestações nesse sentido foi em relação às vítimas das nevascas no Leste Europeu. Esse gesto demonstra que ele está conectado aos fatos, que os sofrimentos da humanidade não lhes são indiferentes.
Entretanto, dado o cargo que ocupa, grande parte dos cristãos esperam do Papa muito mais que uma oração ou uma carta de solidariedade para com essas vítimas das grandes catástrofes. Ainda esperamos que o Papa faça algum gesto real, concreto, visível em relação à preservação da vida na Terra, particularmente diante das Mudanças Climáticas.
A Rio+20 está sendo anunciada como um fracasso mesmo antes de acontecer. O que provoca essa percepção de fracasso são os documentos oficiais, particularmente do Brasil e da ONU, propondo como solução para a crise climática a chamada “economia verde”, para muitos, apenas a reciclagem do capitalismo, mercantilizando os últimos bens naturais que até agora eram considerados patrimônio de toda a humanidade e de todos os seres vivos, particularmente a água e a própria biodiversidade. Mas, não há qualquer proposta de declinar do atual modelo de produção e consumo. Dessa forma, a consumação da Mudança Climática em marcha será inevitável.
Seria um gesto histórico se o Papa convidasse, para os dias da Rio+20, um encontro de todas as grandes religiões para Assis, para a casa de Francisco – o santo dos ateus e de todas as religiões -, afim de juntas, chamar todos os seus fiéis do planeta para unirem-se a todos os homens e mulheres de boa vontade, assim encontrar uma saída de vida para a humanidade e todos os outros seres vivos.
Há um vazio de lideranças mundiais nesse momento crucial da história. As elites do mundo estão preocupadas apenas em salvar a própria pele, deixando bilhões de seres humanos morrerem à míngua sob tsunamis, terremotos, enchentes, nevascas, soterramentos, enfim, a longa ladainha de tragédias que já afetam nosso século.
Quem sabe esse desejo não seja sonhar demais, nem pedir demais. Está na hora de alguma liderança mundial pensar mais na humanidade que em seu próprio rebanho.

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