Na luta contra as opressões atuais, mulheres camponesas se aprofundam na história do feminismo
Luiza Mahin, Teresa de Benguela,
Sojourner Truth, Olympe de Gouges, Emily Davison. Esses nomes que são
desconhecidos para muitos/as correspondem a mulheres que fizeram parte da
história das lutas femininas, no Brasil e no mundo, mas, que muitas vezes são
esquecidas. Com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre o movimento de mulheres
por igualdade e direitos, a segunda etapa da Formação Continuada Gênero e Agroecologia
da Rede Mulher do Sertão do São Francisco teve como tema a história do
feminismo.
A Formação, que tem como público
mulheres camponesas, aconteceu nos dias 29 de fevereiro e 1º de março, no
Centro de Formação Dom José Rodrigues, em Juazeiro – BA. No encontro,
agricultoras, pescadoras e apicultoras conheceram a origem do feminismo através
dos marcos históricos – a exemplo da Declaração dos Direitos da Mulher e da
Cidadã (1791) e do movimento sufragista -, das heroínas negras e das chamadas
“ondas feministas”, momentos históricos que abrangem um conjunto de
reivindicações e conquistas do movimento organizado de mulheres.
A militante do movimento feminista
negro de Juazeiro Luana Rodrigues foi uma das facilitadoras do primeiro dia da
Formação. Luana destacou a importância da luta feminista como necessária para
romper o silêncio e denunciar as opressões que as mulheres sofrem. “Uma das
pautas que os movimentos feministas mais se ocupam é a da violência. A luta
feminista busca igualdade, mas, também garantir o direito a vida das mulheres,
principalmente, das mulheres negras”, comentou.
Partindo do entendimento de que há
uma pluralidade de feminismos e do conceito de interseccionalidade, da
americana Kimberlé Crenshaw, Luana Rodrigues ressaltou que para compreender e
combater as opressões é preciso observar as mulheres a partir das suas
especificidades. “O movimento feminista negro traz isso, a gente precisa
observar o gênero, a raça e a classe pra gente saber qual lugar que essa mulher
tá ocupando. Enquanto um grupo luta pelo direito a vestir e ocupar os espaços
que quiserem, as mulheres negras ainda lutam para garantir a sua vida e a dos
filhos”, afirmou a militante.
História da Rede Mulher
Depois de discutirem sobre a
história do movimento feminista, as participantes da Formação Continuada se
dedicaram sobre a sua própria história enquanto movimento de mulheres
organizado no território baiano do Sertão do São Francisco. A agente da Comissão
Pastoral da Terra (CPT) Marina Rocha relatou sobre a origem da Rede Mulher
Regional, criada nos anos 2000.
“O machismo sempre foi muito forte
na nossa região. Nas décadas de 1970 e 1980, as mulheres rurais não tinham
nenhuma autonomia e seu trabalho não era reconhecido”, disse Marina. De acordo
com a agente pastoral, as organizações que trabalhavam com esse público
começaram a ouvir os clamores dessas mulheres e, a partir daí, passaram a atuar
em conjunto, resultando no surgimento da Rede Regional. “Os primeiros objetivos
da Rede eram a participação efetiva das mulheres nas organizações de
trabalhadores e a luta por direitos trabalhistas e previdenciários”, destacou.
Formação Continuada
A Formação Continuada Gênero e
Agroecologia da Rede Mulher Regional teve início em novembro do ano passado,
com a temática do patriarcado. Os encontros são realizados com o apoio do
Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), do Serviço de
Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP) e CPT.
Para Raimunda Ferreira, moradora de
um assentamento do Movimento dos/as Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST) do
município de Sento Sé, a Formação tem sido um momento de aprendizado e
fortalecimento. “Muitas vezes, as dificuldades que a gente passa no dia a dia a
gente não consegue expressar. E são esses momentos [Formação] que nos
fortalecem e revigoram”, comentou. A próxima etapa da Formação Continuada será
no mês de maio.
Texto: Comunicação CPT Juazeiro
Fotos: Comunicação IRPAA
Comentários
Postar um comentário