Mineradora não para durante pandemia e Angico dos Dias sofre com novas explosões e risco de contaminação
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Mineração na comunidade Angico dos Dias (arquivo)/ Foto:Thomas Bauer |
Com a pandemia do novo coronavírus,
a população, da cidade e do campo, tem mudado de hábitos e adotado as
recomendações de isolamento social dos órgãos de Saúde. Na Bahia, as medidas
que visam conter a propagação do vírus já estão vigentes há mais de um mês. No
entanto, para quem vive em territórios com a presença da mineração, se proteger
da Covid-19 tem sido ainda mais difícil.
A comunidade tradicional de fundo
de pasto Angico dos Dias, localizada no município de Campo Alegre de Lourdes
(BA), tem convivido com o medo diário de contaminação. A mineradora de fosfato
Galvani, instalada na comunidade, não parou suas atividades. Caminhões e
trabalhadores da empresa que vêm de outros municípios continuam circulando no
território. Além desse fluxo de pessoas, a comunidade foi surpreendida na tarde
da última sexta-feira (24) com novas explosões da mineradora, aumentando a insegurança
em um momento já difícil provocado pela pandemia.
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Local das novas explosões realizadas na última sexta-feira (24) |
“Tremeu tudo! Em plena pandemia, as
pessoas em suas casas, preocupadas com a alimentação e a saúde, e a gente
convivendo com esse absurdo. A preocupação da mineração é com a produção e
lucro financeiro, não está nem aí pra vida de ninguém”, comenta o presidente da
Associação de Fundo de Pasto de Angico dos Dias e Açu Edinei Soares. De acordo
com a Associação, a população só foi avisada apenas duas horas antes das
explosões.
Até o último sábado (25), o
município de Campo Alegre de Lourdes já contava com dois casos confirmados do
novo coronavírus, segundo informações da Prefeitura Municipal. Em todo o
Brasil, entidades, organizações e movimentos sociais têm apontado a preocupação
com a vida dos/as trabalhadores/as e da população em geral nos locais impactados
pelo setor minerário (atividade extremamente insalubre), que não paralisou suas
atividades. No território do Sertão do São Francisco, o município de Curaçá
(BA) já tem oito casos da Covid-19 confirmados, entre eles, um trabalhador da
Mina Vermelhos/Mineração Caraíba e seu pai.
Em nota
divulgada no final de março, a Comissão Episcopal Pastoral Especial sobre
Ecologia Integral e Mineração (CEEM) da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) reivindicou a paralisação das atividades de
mineração enquanto o País estiver ameaçado pela pandemia. Na publicação, a CEEM
também repudiou ações do Governo Federal, como a Portaria
do Ministério das Minas e Energia que autoriza o setor mineral de manter
suas atividades.
Texto: Comunicação CPT Juazeiro
Fotos: Thomas Bauer e Associação de Fundo de Pasto de Angico dos Dias
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