Histórico


Nível Nacional

A Pastoral da Terra surgiu em nível nacional em 1975, na Amazônia.

Não foi por acaso. Estávamos em pleno regime militar. Um dos objetivos do regime era ocupar a Amazônia com empreendimentos econômicos. Havia até um slogan: “uma terra sem gente, para uma gente sem terra”.

Assim, uma leva de colonizadores, principalmente vindos do sul, foi levada para a região. Ganhavam um lote de mata e uma moto serra. Caso desmatassem o lote recebido, aí ganhavam outro. Portanto, o desmatador só era premiado enquanto desmatasse.

Acontece que ali não estava um espaço vazio, como diziam os militares. Ao contrário, existiam inúmeras nações indígenas e os famosos posseiros, isto é, gente que já estava ali, vivendo com simplicidade no meio da mata, mas sem instinto de destruição.

A chegada dos colonos e empresas agrediu profundamente os indígenas e posseiros. Para defender os indígenas surgiu o Conselho Missionário Indigenista (CIMI) em 1970. Para defender os posseiros, os bispos, como D. Pedro Casaldáliga, Dom Fernando e D. Thomás Balduino, juntos com muitos leigos, criaram a CPT.

Nível Diocese

Na Diocese de Juazeiro não foi diferente. Em 1975 chega D. José Rodrigues. Estava em construção a barragem de Sobradinho. Quatro cidades sendo relocadas, 72 mil pessoas sendo expulsas. Além do mais, era uma área de segurança nacional e os prefeitos eram indicados pelo governador e nomeados pelo presidente da República. Assim, sem sindicatos, partidos, ou qualquer outro tipo de defesa, as populações estavam entregues às arbitrariedades de uma ditadura.

D. José Rodrigues, então, decidiu juntamente com outros bispos, apoiado pelo Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), dos jesuítas de Salvador, criar a CPT baiana e diocesana. Em 1976 foi criada a pastoral, em 1977 criada a equipe, ou Comissão.

Durante essas três décadas a CPT fez o papel de ser presença e apoiar as populações atingidas pela barragem, atingidos por grilagens de terra, pela estiagem das chuvas, por projetos de irrigação, por empresas que vinham assaltar as terras do povo, colaborando com a criação  de suas organizações para assumir a luta e a defesa dos territórios,da terra, da água, da cultura,da natureza, da vida.

A luta pela água se intensificou e D. José Geraldo chegou à Diocese de Juazeiro no momento em que as comunidades ribeirinhas estavam em plena mobilização contra a implantação do Projeto de Transposição das Águas do rio São Francisco. As comunidades encontraram apoio pastoral e institucional de seu pastor, que se fez presente em momentos cruciais da luta e através das paróquias e pastorais da diocese.

É com esse apoio e atendendo ao apelo do evangelho de Jesus Cristo e o grito dos pobres do campo, que a CPT continua até hoje na defesa da terra e territórios de fundo de pasto, quilombolas, ribeirinhos, comunidades tradicionais. Apóia a luta dos assalariados, dos atingidos por novas barragens, pela mineração, por outros projetos do capital que, em nome do desenvolvimento, ameaçam se instalar nos territórios das comunidades sem discussão e sem o consentimento das mesmas. Orienta sobre os direitos e os instrumentos de sua efetivação e conquista de novos direitos. Participa da luta pela água, pela revitalização do Rio São Francisco - pela convivência com o semiárido e ajuda a organizar as comunidades, reorganizar os sindicatos, criar associações e manter uma Igreja viva no meio do povo.

Nesses quarenta anos, quando avaliamos junto às comunidades acompanhadas pela CPT o que melhorou sua vida, os camponeses e camponesas dizem: ”melhorou muita coisa, reconhecemos que temos direitos, permanecemos em nossa terra, temos dignidade e fartura...

Infelizmente os problemas de nosso povo do campo não se acabaram. Melhorou, já não temos frentes de emergência, saques, migrações intensas, tanta mortalidade infantil. Porém, ainda há muito que ser feito para alcançarmos a paz no campo.

Quando a Igreja permanece fiel aos mais pobres, surge uma evangelização que tem espírito, carne e ossos.

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