ENCONTRO DISCUTE A RELAÇÃO ENTRE VIOLÊNCIA NO CAMPO E GRANDES EMPRESAS NAS REGIÕES DE BONFIM E JUAZEIRO



Os casos de violência contra camponeses/as, quilombolas e trabalhadores/as sem-terra em municípios das regiões de Bonfim e Juazeiro têm aumentado a partir da chegada de grandes empreendimentos econômicos. Tal relação foi constatada em discussões durante o 1º Encontro Regional pela Reforma Agrária e contra Violência no Campo, realizado em Senhor do Bonfim, durante os dias 30 e 31 de agosto. O evento foi organizado por movimentos e organizações populares e contou com a presença de aproximadamente 120 pessoas.  

Para o advogado Lucas Vieira, assessor de organizações populares pró-campesinato, grandes projetos econômicos contribuem diretamente para conflitos agrários no Centro-Norte baiano. “Podemos citar os casos de mineração e energia eólica. Nos últimos dez anos temos percebido a perda dos territórios camponeses devido a esses dois atores”.  O problema tende a se agravar diante da  cumplicidade dos gestores públicos com os desrespeitos aos povos do campo. 


Ainda de acordo com a assessoria jurídica presente no evento, cerca de 500 processos administrativos de áreas de fundo de pasto estão na CDA (Coordenação de Desenvolvimento Agrário), órgão do governo estadual, e quase 100 estão prontos para contratos, mas parados desde 2007. A mesma omissão do governo acontece em relação às comunidades quilombolas.

Uma das participantes do Encontro foi Rosimeire, do quilombo Rio dos Macacos, alvo constante de desrespeito, violência, ameaças e da invasão de seu território. “Nós tínhamos mais de 900 hectares e a comunidade perdeu quinhentos e poucos, reduzindo para 301”.

Para uma das participantes do evento em Bonfim, que não quis ter o nome publicado, a omissão  do poder público pode ser decisiva para o surgimento desses conflitos. “ O Estado precisa tomar medidas para amenizar esses conflitos, inclusive com a Reforma Agrária”.

O 1º Encontro pela Reforma Agrária e Contra a Violência no Campo terminou com a proposta de lançar uma carta aberta à sociedade sobre os problemas discutidos no evento,  bem como a realização de mobilizações, dentre outros pontos. 


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