Política Ambiental é tema de debate nas escolas públicas de Campo Alegre de Lourdes
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Estudantes da Escola Municipal Capitão Adelino Lopes participaram ativamente da discussão. |
Para quê e para quem serve a Política
Municipal de Meio Ambiente de Campo Alegre de Lourdes? Quais ideias devem inspirar
e quem deve fiscalizar a sua realização? Essas são algumas questões que norteiam
os debates promovidos pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) nas seis escolas
públicas da sede do município de Campo Alegre de Lourdes, extremo norte da
Bahia.
Com o objetivo de pôr em
discussão os problemas ambientais que atualmente afligem o município, três
equipes se revezam desde ontem nos três turnos de aula, dialogando com um
público bem diversificado: de estudantes do 1° ano do Ensino Fundamental aos do
Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos.
“Esse trabalho partiu de uma
reflexão que vem sendo feita desde julho do ano passado, quando representantes
das comunidades de Campo Alegre de Lourdes tomaram conhecimento da ameaça de
exploração de minério em 82% da área do município. Na ocasião foi definida uma
Comissão Municipal de Meio Ambiente. No planejamento da Comissão, a CPT ficou
com a tarefa de realizar o debate nas escolas”, afirma Marina Rocha, da CPT.
O município
já vivencia há cerca de sete anos a atuação da empresa mineradora Galvani, que não
respeita as condicionantes para o seu funcionamento. Os órgãos públicos de
fiscalização ambiental nunca assumiram uma postura que obrigue a empresa a
reverter os danos causados ao meio ambiente e à população. Além de discutir os
impactos socioambientais provocados pelas empresas mineradoras, a dinâmica das
apresentações nas escolas amplia a reflexão sobre as consequências à natureza e
à saúde humana da escassez de água, da poluição das lagoas, do desmatamento da
caatinga para venda da madeira e uso em cerâmicas e do uso intensivo de
herbicidas (agrotóxicos) para “limpeza” do solo.
“A gente aprende que é preciso cuidar
do Meio Ambiente, que não pode desmatar, jogar lixo na rua e na água. A
importância é que nós vamos ajudar a si mesmo”, ressalta o estudante Samuel
Pereira,do 7°ano do Colégio Estadual Profª Francisca Rodrigues. Ensinando as
disciplinas de geografia e ciências no Colégio, a professora Leidyane Rocha
acompanha atentamente a discussão. “Essa semana já estávamos trabalhando sobre
isso. A nossa região sofre muito por conta da seca, do desmatamento e da
exploração dos recursos naturais. Quando vem alguém de fora falar sobre o tema,
dá força e embasa ainda mais a nossa intervenção”, lembra ela.
Nas escolas visitadas, estão
sendo distribuídos cartazes, vídeos e slides relacionados aos temas. “A
sociedade está refletindo e provocando o Estado (poder público municipal) para
que este assuma o dever de proteger o Meio Ambiente. Como vivemos num regime
democrático é imprescindível que a definição da Política Ambiental do município tenha a participação de ampla parcela da população”, destaca
Marina.
Além de responder as questões que
abrem este texto, a Política Municipal de Meio Ambiente de Campo Alegre de
Lourdes pretende definir até o final do ano as regras do licenciamento
ambiental, a criação de um orçamento específico, as áreas especialmente
protegidas, as punições para quem destrói o Meio Ambiente e os critérios de
educação ambiental. A partir das discussões nas escolas, a expectativa é que estudantes da sede também participem ativamente da definição do futuro ambiental no
município.
Por Luís Osete (Rede de Educomunicadores Populares da Bacia do São Francisco)
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