FUNCIONÁRIOS DE DEPUTADO FEDERAL SÃO DETIDOS TENTANDO DERRUBAR BARRACOS DE ACAMPADOS




Funcionários e veículos da Usina Laginha, de propriedade do deputado federal João Lyra, foram detidos e encaminhados para a Delegacia de Polícia Civil de União dos Palmares, na zona da mata alagoana, após mais uma investida contra as famílias do acampamento Santo Antônio da Lavagem. Depois de incendiar, ameaçar e atirar nos agricultores, o latifúndio voltou a agir na tarde desta segunda-feira (15), mas, desta vez, com veículos e fardamentos da usina.


No último dia 7, um bando de pistoleiros efetuou diversos disparos contra as famílias acampadas nas terras da usina falida, com a promessa de que voltariam e, da próxima vez, seria ‘pior’, relataram os camponeses. Na ocasião, o Pelotão de Operações de Polícia Especial da PM recolheu 40 capsulas de pistola 380 e outras oito foram entregues pelos agricultores ao delegado da cidade.
De acordo com Marcos Marques, desde o final da manhã dessa segunda-feira, veículos não identificados circulavam na região e, no período da tarde, inúmeras ligações com cunho de ameaças foram registradas. “Estava na cidade quando o meu telefone tocou. Diziam que iriam tocar fogo nos barracos, nos matar. E outros companheiros receberam ligações do mesmo número”, enfatizou Marques.
Com medo de uma nova investida, Marques compareceu ao Batalhão da Polícia Militar da cidade e informou sobre o ocorrido. Uma guarnição foi deslocada até o local e “justamente no momento em que estávamos chegando, os veículos começavam a ação de derrubada dos barracos”, explicou.
Dez homens, com fardamento da Usina Laginha, três veículos de pequeno porte e um grande – conhecido como recolhedeira – foram encaminhados para a Delegacia. Os acusados foram ouvidos e logo após foram liberados depois da confecção do Termo Circunstancial de Ocorrências (TCO).
O acampamento Santo Antônio da Lavagem é acompanhado pelo Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) e, de acordo com Josival Oliveira, dirigente nacional em Alagoas, essa série de atentados contra os trabalhadores é a prova de que o estado ainda vive a época da Colônia.
“Aqui quem fala mais alto é o coronel. É ele quem dita as ordens e quem manda bater, agredir e até matar. A impunidade e a violência tem que ter um basta neste estado”, destacou Oliveira.
Ainda de acordo com ele, essas famílias são vítimas da fragilidade da política da reforma agrária que não beneficia os trabalhadores, mas investe no agronegócio e no latifúndio. “Principalmente da parte daqueles que se dizem nossos representantes e mandam matar os agricultores, mas continuaremos acampados, produzindo naquela terra que foi tomada do povo pobre daquele lugar. As ocupações irão continuar com toda força”, concluiu Josival Oliveira.

Fonte: Brasil de Fato 
Foto e texto: Railton Teixeira

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