A ESCRAVIDÃO E O IRMÃO DE KÁTIA ABREU
A Folha de segunda-feira (11) trouxe uma matéria que deixará a
senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) bastante irritada, à beira de um ataque
de nervos. Luiz Alfredo Feresin de Abreu, irmão da presidenta da
Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), é acusado de
explorar trabalho escravo. Segundo a reportagem, "uma equipe de
fiscalização do Ministério do Trabalho registrou indícios de trabalho
semelhante à escravidão na fazenda do advogado", no município de Vila
Rica, no nordeste do Mato Grosso. A líder da bancada ruralista no
Congresso Nacional, que também é colunista da Folha, agora será obrigada
a dar novamente explicações sobre as graves denúncias.
O jornal
registra que Luiz de Abreu "nega as irregularidades e diz que a
operação visava atingir sua irmã". Mesmo assim, ele relata que "em
vistoria de 23 de agosto, fiscais dizem ter encontrado cinco pessoas em
condições de trabalho escravo na fazenda Taiaçu II... De acordo com o
relatório, os trabalhadores tinham jornada de 11 horas e moravam em um
alojamento sem energia elétrica ou água. No momento, o vaso sanitário do
banheiro estava quebrado. A investigação aponta que os empregados
receberam proposta para dividir R$ 400 por alqueire roçado".
Ainda
segundo a reportagem, "produtos necessários para o trabalho, como
botina, lanterna, garrafa térmica e chapéu, eram fornecidos, mas seriam
descontados do pagamento. 'Já faz algum tempo que está ocorrendo
situação de trabalho escravo', diz Giselle Vianna, coordenadora de
fiscalização rural no estado. Três dos empregados teriam sido
contratados temporariamente para trabalhar nessas condições desde 2010.
Os funcionários foram levados a um hotel em Vila Rica, onde ficaram por
uma semana. De lá, seguiram para suas cidades de origem, segundo a
Superintendência do Mato Grosso, responsável por autuar a fazenda. Luiz
de Abreu pagou o transporte e a estadia".
As irregularidades
foram registradas em 19 autos de infração e os documentos já foram
enviados ao Ministério Público Federal. Segundo a legislação em vigor, a
pena a quem submete alguém a trabalho escravo pode chegar a oito anos
de prisão, além da multa. As denúncias contra o irmão da líder
ruralista não são novas. Em outras ocasiões, a senadora negou as
acusações e afirmou que elas teriam motivação política. A conferir!
Mesmo assim, ficam as perguntas: por que Kátia Abreu resiste tanto à
aprovação da PEC do Trabalho Escravo? Por que ela escreve tantos
artigos na Folha sugerindo maior flexibilização das leis trabalhistas?
Por que ela detesta tanto os fiscais do trabalho?
Num dos trechos
da sua defesa junto à superintendente regional do Ministério do
Trabalho no Mato Grosso, Luiz de Abreu acusa o órgão de má-fé e faz uma
estranha referência à chacina de Unaí (MG), em 2004, quando três
fiscais do trabalho foram assassinados em um emboscada. "A sorte de
Vossa Senhoria e dos fiscais é que eu não tenho personalidade marcada
pela psicopatia e acredito na justiça dos homens, senão certamente
vocês teriam o mesmo destino daqueles fiscais de Unaí". O que Kátia
Abreu acha deste "desabafo" do seu irmão?
Por Altamiro Borges
Fonte: Brasil de Fato
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