INDÍGENAS LANÇAM CAMPANHA CONTRA MINERAÇÃO E CONSTRUÇÃO DE HIDRELÉTRICAS

A mineração e a construção das hidrelétricas foram classificadas pelos participantes do seminário como ameaças à vida nas aldeias indígenas de Roraima
Cerca de 200 participantes do Seminário sobre Mineração e Hidrelétricas em terras indígenas aprovaram a realização de uma campanha abrangendo Brasil, Venezuela e Guiana para impedir a construção de barragens. O seminário começou na última terça-feira, dia 20, e foi encerrado ontem, dia 23, na aldeia Tabalascada, município de Cantá, localizado a cerca de 30 quilômetros de Boa Vista. Os participantes aprovaram também um documento pontuando as principais razões pelas quais rejeitam a construção de barragens e mineração em suas terras.
A falta de esclarecimento sobre os impactos ao meio ambiente e às comunidades é a razão principal pela qual os indígenas rejeitam a construção de hidrelétricas em suas terras. “Nós sabemos que parte da nossa terra poderá ser inundada, que vai alagar parte da floresta e matar os animais. Nós não queremos destruição nas nossas aldeias”, disse o líder indígena Davi Kopenawa, referindo-se à construção da hidrelétrica do Paredão, prevista pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, para ser construída no Rio Mucajaí.
Parte da terra dos Yanomami banhada pelo Rio Mucajaí está no caminho do reservatório de três barragens previstas para serem construídas naquele rio como parte do complexo do Paredão, que seria formado pelas barragens de Paredão, Paredão 1 e Fé e Esperança. A capacidade de geração dessas três hidrelétricas, juntamente com a usina de Bem Querer, no Rio Branco, é de 1.050 MW de potência instalada, conforme o relatório apresentado pela empresa contratada para realizar inventário do potencial hidroenergético naquela região.
MINERAÇÃO - Mais de 50% dos pedidos para pesquisa mineral em terras indígenas no Estado de Roraima são destinadas à terra indígena Yanomami. O Projeto de Lei que tramita na Câmara dos Deputados abrindo as terras indígenas para exploração.
“Se for aprovado o Projeto de Lei, haverá uma avalanche de pedidos para exploração das terras indígenas no estado”, explicou a assessora do Instituto Socioambiental (ISA), advogada Ana Paula Souto do Maior.
Segundo levantamento feito pelo ISA, a situação atual de Roraima é a seguinte: das 32 terras indígenas demarcadas, apenas nove não têm requerimento para exploração. As outras 15 tem mais mil interessados em explorá-las. Também, dessas 15 terras indígenas, em mais de 50% foram apresentados requerimentos para exploração de quase a totalidade da extensão da área.
Ana Paula explica que somente a terra Yanomami tem mais de 650 requerimentos. “Outras terras menores tem mais de 90% da área requerida, como é o caso de Anta e Araçá. A terra indígena Ponta da Serra tem toda sua extensão solicitada por empresas mineradoras”, diz ela.

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