AREIA GRANDE COMEMORA SUSPENSÃO DE DECISÃO JUDICIAL QUE DETERMINAVA DESPEJO DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS
No último domingo (26), os/as moradores/as das
comunidades do fundo de pasto de Areia Grande, localizado em Casa Nova (BA),
transformaram a assembleia mensal em uma grande festa. O motivo foi a suspensão
da decisão judicial, emitida pelo ex-juiz da comarca de Casa Nova Eduardo
Padilha, pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. A decisão de Padilha
determinava a posse do território, onde vivem cerca de 400 famílias, a dois
empresários. A comemoração contou com a presença do bispo da Diocese de Juazeiro,
Dom Beto Breis.
Desde o final da década de 1970, o território das
comunidades tradicionais é alvo de conflitos e grilagens de terras. Em julho de
2016, o então juiz de Casa Nova, Eduardo Padilha, expediu mandado de imissão de
posse do território em favor dos empresários Alberto Martins Pires Matos e
Carlos Nisan Lima Silva. O despacho pôs em risco a permanência dos
camponesas/as no local, pois autorizava, inclusive, o uso de força policial.
Os/as camponeses/as de Areia Grande realizaram
diversas mobilizações, com o apoio de entidades ligadas ao campo, contra essa
decisão. Em setembro de 2016, o fundo de pasto, que é formado pelas comunidades
de Melancia, Riacho Grande, Jurema e Salina da Brinca, conseguiu a paralisação
do pedido de reintegração de posse durante a Audiência da Comissão Nacional de
Violência no Campo. No final de janeiro deste ano, os camponeses/as receberam a
boa notícia da suspensão definitiva da decisão de Padilha pelo Tribunal de
Justiça do Estado da Bahia.
Para o agricultor Raimundo Nascimento, a decisão do
Tribunal foi uma das maiores alegrias da comunidade. “As nossas famílias vêm
sendo perseguidas por empresários e juízes de leis. Hoje a gente se sente muito
orgulhoso, pois a nossa união foi mais forte”, afirmou. O presidente da
Associação de Fundo de Pasto de Areia Grande, Valério Rocha, destaca que essa
foi uma vitória parcial, já que a ação discriminatória do território aguarda
julgamento desde 2009. “A gente vai continuar mobilizado, porque ainda tem a
grande luta, o julgamento da ação judicial. E queremos continuar com o apoio de
todas as comunidades e entidades”, ressaltou o presidente.
O bispo da Diocese de Juazeiro, Dom Beto Breis, e o
padre Aluísio Borges, da Paróquia de Casa Nova celebraram uma missa durante a
comemoração no fundo de pasto. Os moradores de Areia Grande ressaltaram que a
Igreja Católica foi uma das primeiras entidades que apoiaram a luta das
comunidades. A presença da Igreja no território também foi destacada pelo
bispo. “A Diocese de Juazeiro se faz presente nessa luta desde o início, com a
animação de Dom José Rodrigues, de padres, leigos e pela Pastoral da Terra.
Apoiar esta luta é um gesto concreto da Campanha da Fraternidade, que traz em
seu texto os fundos de pasto como modelo de convivência com o Semiárido, e
também uma exigência do Evangelho”, disse Dom Beto.
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