Por Ilha e pelo Velho Chico, manifestante tomam banho no meio da ponte Presidente Dutra
Para comemorar o aniversário do
Rio São Francisco, nessa quinta-feira 4,
pescadores de Juazeiro e Petrolina, representantes de movimentos sociais e integrantes do Coletivo Salve a Ilha do Fogo tomaram
banho no meio da ponte Presidente Dutra, que liga os estados da Bahia e
Pernambuco.
Além de fazer referência ao Velho
Chico, os trabalhadores da pescam e o
Coletivo protestaram contra a ocupação da Ilha do Fogo pelo Exército
Brasileiro, ocorrida no dia três de setembro deste ano. A invasão militar do
espaço, localizado quase no meio do rio, entre as duas cidades, tem atrapalhado a atividade pesqueira, já que
o local funciona como um ponto de apoio
dos pescadores.
“ Hoje 52 famílias dependem da
Ilha do Fogo para sobreviver, já que nós pescadores precisamos utilizar o
espaço para guardar equipamentos de pesca, descansar. E não tem melhor local do
que esse para ajudar nos trabalhos da pesca”, afirma o pescador Gilson
Coreolano.
Para restringir de vez a entrada de não militares à Ilha, já que as vias de acesso através da
ponte Presidente Dutra foram interditadas para não permitir a passagem de banhistas,
o Exército deu esta sexta –feira 5 para que os pescadores retirem seus equipamentos de pesca do local, apesar do
convívio histórico dos pescadores com a Ilha
do Fogo. “ Há mais de 50 anos vários
pescadores trabalham, pescam no rio,
tendo a Ilha como ponto de referência”, esclarece Corelano.
O Exército, por meio do 72º BMITz,
sediado em Petrolina (PE), justifica a ocupação da Ilha do Fogo com base numa
decisão jurídica, contestada pelo movimento que defende o livre acesso ao local. “ Nós tomamos
conhecimento que não há ação judicial que entregue a Ilha do Fogo ao Exército”,
garante Enêio da Silva, do Coletivo Salve a Ilha do Fogo.
Historicamente sobre cuidados baiano
– o espaço já esteve sobre responsabilidade da superintendência da Companhia de
Desenvolvimento dos Vale Do São Francisco e Parnaíba sediada em Juazeiro, e da
prefeitura local -, em 2010 a mística Ilha do
Fogo foi registrada em cartório de Petrolina em nome da União. Para o integrante da CPT Juazeiro, Domingos Rocha, o espaço não deve ser militarizado. "Não podemos deixar que o Exército transforme a Ilha, um local de lazer para toda a população, numa base militar", destaca.
Fonte de lendas da região, uma
que reza que embaixo da Ilha vive uma imensa serpente preza a ela por meio de
um derradeiro fio de cabelo da padroeira de Juazeiro, Nossa Senhora das Grutas, o Coletivo luta para que a Univasf instale no local o Museu do Ribeirinho. Para tanto, será necessário que o Exército
retire seus homens e fuzis do pedaço de terra cercado pelo São Francisco,
e devolva a Ilha do Fogo ao povo de Juazeiro e Petrolina.
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